Vem aqui olhar pra mim,
achega-te e vê o meu pranto.
São lágrimas que podem não ter fim,
que me envolvem como um manto.
Deixa que brotem, por maior delírio,
revelarem tudo o que têm a mostrar.
Percorre comigo o caminho de martírio
esta provação pra me libertar.
Não quero que as seques, estarás a desprezá-las,
não as encerres pra que o meu coração não as veja.
Nao queiras desse modo mitigá-las
e fazer-me alguém que eu não seja.
Também não as cales num consolo de basta
cego do vácuo em que se tornou o meu peito
compreende a sua raíz no calo profundo
que me faz ficar de fora do mundo.
Chora as minhas lágrimas comigo,
tal pão ou saliva que partilhamos.
Estende-me a protecção do teu abrigo,
diz-me que é juntos que lutamos.
E por favor não me digas que tenho que ter coragem
de pará-las e seguir viagem
que me esqueço dos mortos que não deixo
embarcar prá outra margem.
É certo que assim é
que não os deixo partir de mim
mas eles também querem saber
como são os dias que estou a viver.
Pelo cais vão ficando
a ver as barcas sumir-se na penumbra
Já apenas estão esperando
pela minha alma moribunda.
Peço-te outra vez, Olha pra mim!
Aprende a escutar sem que te fale,
não digas que cale
são os compassos com que nos marcamos,
que nos vestirão até ao fim.
§
Para todos os que não conseguem despedir-se dos seus mortos
12 comentários:
Vim aqui olhar para ti, Stella, e para te deixar um beijo de agradecimento.
um poema de uma nostalgia dorida...
belo como mudar de folhas. em prenuncio de outono...
beijo
olá Stella,
já li... dolorosamente triste.
Voltarei, mais tarde. Não percebi aquilo "da TI Maria"... estou completamente por fora... se quiseres manda email.
Não estranhes o IP, não tenho net onde resido, por agora...
Além de que ando mt, mesmo mt ocupada.
Um beijo.
(olha e este comentario vai sair com o nick do HATO, porque tenho pouquinho tempo...)
aqui porque sim
aqui
nesta terra de
flores
(( a creScer para
dentro
BEIJO*
~
Não é fácil, não. Não é fácil deixar que nos desabitem.
Dorido e belo, o teu poema.
beijo
este cachecol de silêncio que há dias que já não cabe em nenhum lugar (...)
este cachecol de silêncio que há dias que já não cabe em nenhum lugar (...)
reflecte-me
ampara esta
dor
[ oco con
centrado
cega
descalça
~
um abraço,
stella,
forte
de saudade
(d)e entendimento
..
@-,-'-
stella
um bom domingo... enfim, resto de domingo.
apeteceu-me vir aqui.
fica bem
beijos
[ de que servem estas sólidas paredes acumuladas?,
vou agora ali num instante que morro crente que o maior amor é uma vez dois e, por outro lado, bem maior que dois e sempre, afinal, sempre rio virgem, mas enquanto de abraço nem sombra vou ali e volto ou volto que nem que não volte logo se não verá.
beijo
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