Partimos ao final do dia para te levar. Estava quase escuro apesar de não ser noite ainda. Fomos todos atrás de ti, devagar, até lá. Era do dia que fazia, que amanhecera já sombrio e não fez por enganar.
Estava frio por entre as pedras e os mausoléus de mármore, como se a fleuma viesse mostrar a aridez que alastrou pelos corações e que marcou a terra aos olhos daqueles que por cá ficaram; como se o vento, ao agitar as folhas secas de um Outono tardio, se empinasse em revolta, atingindo-nos indistintamente por uma culpa anónima e colectiva, nesse dia em que lá fomos deixar-te.
E nós aguardámos, quedos e desalentados que te entregassem, ainda que não soubéssemos se ainda ali estavas ou se era apenas uma película vazia que jazia, o casaco com que te vestiram para te dares a conhecer ao mundo e aos outros e com o qual encetaste a tua viabilidade na terra efémera e dura. Ainda que agora oco, nós beijámos, amámos e sentimos, nos momentos ledos, o calor do abraço que te traiu.
E mais passa o tempo mais te choramos. Os anos volvem e em cada um, um dia apenas, e assim nunca deixa de ter sido ontem que os pássaros levantaram voo dos álamos magros a meio da noite, desenhando círculos na madrugada, para lembrar uma perda irreparável.
A saudade aumenta a cada desses dias.
3 comentários:
novelos e novelos de
saudade
em fio-vivo,
BEIJO*
sensivel texto.
beijo
e canto enfeitiçados em púlpitos
de neve
que nunca
der____________rete,
beijo
~
Enviar um comentário