30/04/2009

Enquanto o mundo repousa e as flores respiram
ao despertar dos pássaros, no horizonte adamascado,
a alma sofre com saudade.
O sangue e as lágrimas transpiram
deste coração castigado.

Nem os dias que vierem
ou os minutos de horas a eito
passarão sem a memória ida
de que já fui Primavera,
farta e colorida,
a explodir do teu peito.


Sete fases do paraíso
– quando os dedos se enlaçaram–
– assomam-se em fantasmas de zombo riso –
canta o rouxinol, desalentado –
calcadas a pés no encerro do pecado.

É fria a aurora dos dias de água
e o sol esvaeceu-se para mais nunca
nos iluminar; decretou da nossa existência atroz praga.
Desde então a mágoa cava o deserto que me junca,
te m' aparta como um véu e a ti me prega, como uma chaga.

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