28/11/2007

Amargura

Amargura
sustentada pela vida poída
Gastura que de tantas causas
Tem causa desconhecida.

Doçura
andas pouco pela vida, perdida
Amor que de tantas caras
me abandonou sem despedida.

***

26/11/2007

Poesia Tida

Poesia...
Difícil despi-la
Da medida do que nos vai na alma
Forma da atitude que abarca a complexidade.

Poesia nua, poesia à chuva
Sei que não te dei os liláses prometidos, as violetas azuis
nem as mil estrelas de uma noite, que gostava de ter para ti.
és vida empalavrada no rumo certo.

Poesia tida, factos da vida
deslumbre de nos ter a pensar descalços
maneira de inscrever na bela aurora
que o além não é nada e a vida é tudo isto.


Para Vash.

19/11/2007

Que de Sem Fundo Vai Pesado

Não queiras agora deixar este barco

que de sem fundo vai pesado.



Se te enganaste nas tuas infelizes promessas

não faças de mim o estorvo das tuas notas erradas.


Guarda-te dos presentes do passado

pois a dívida é alta e já vais tarde...



Foram a amargura, a culpa e o fado, bem sei

que comigo te deixaram sem chão,


Deixa-me só neste barco

que de sem fundo vai pesado.

15/11/2007

Mil Nomes e Nenhum Era o Meu...

Deste-me mil nomes
nenhum era o meu
os de santa, os de ímpia
nenhum foi o meu

Mil nomes, biliões de possibilidades
impossíveis
pois se nenhum era o meu...

Mil nomes e nenhum era o meu
não era de mim que o meu nome saía
Mil nomes de juízos de mim.

14/11/2007

Não deixes que me levem, meu amor

Se o dia for escuro e acabar cedo,
Se o cinzentismo da vida teimar em continuar
não deixes que me levem, meu amor.

Não deixes que me levem mesmo se a minha solidão tiver cheiro a mofo
ainda que as minhas asas já tenham sido impiedosamente rasgadas,
ou se se tiver quebrado o lacre da integridade do meu invólucro.

Não deixes que me levem se a doença um dia queimar a minha pele,
se a tristeza continuar a chorar todos os meus dias
e se os circuitos da vida fizerem de mim aquilo que já sou.

Não deixes que me levem mesmo sabendo tu que eu não quero mais ver o sol
que não quero ver que nunca estive condenada à partida mas estive-o sempre à chegada
Não deixes que me levem daqui, deste pequeno refúgio de nada.

Não deixes que me levem
mesmo quando as pétalas caídas na terra já tiverem selado o meu enterro
E que já todos me tenham dado o seu amor e dito adeus
Por favor,
não deixes que me levem, meu amor.

03/11/2007

Manifesto

Pediste o que não quiseste dar
o que não podias dar
tenho que viver com essa culpa?
(se não pude ser mais)

até que ponto irá a culpa
culpa que fere
culpa pela morte dos mortos
e pelo estado dos vivos
(se não pude dar mais)

Culpa pela falta do derradeiro carinho
do derradeiro gosto de ti
do sempre estive aqui, se sempre estive
se não estive ou não sabia
se estava e não sabia
ou se não sabia
(pela ignorância)

Culpa que cansa
ter que esmiuçar e explicar tudo
se não culpa culpa culpa
culpa tudo
se não quero ter que dizer nada
(pelo cansaço)

Culpa complexa
que no momento nos culpa e no tempo desculpa
Não quero sentir a desculpa
pois tenho culpa
(pelo argumento)

Onde estarão os culpados pela minha ferida
Os culpados da minha culpa?
(da culpa que morre solteira)

Culpa desta culpa não ser passional...
Ser muito mais culpada do que isso.
(pelo desinteresse)

Em última análise
sou culpada pela minha culpa
culpada por não saber desculpar
e não saber desculpar-me
(pela culpa)